Terminou de forma melancólica a
greve dos docentes das universidades federais que completaria 120 dias hoje
(17/09). O Sindicato que a dirigia, o ANDES, sucumbiu frente à posição do
Governo, que não mais negociava havia três semanas, depois de um acordo feito
com o outro sindicato de docentes do ensino superior, o PROIFES.
Tendo o seu fim comunicado pelo
programa Fantástico, a greve não assegurou nenhum ganho, ou promessa de ganho, além
do que já tinha sido definido. Restou ao ANDES a arrogância e a promessa de que
nada estaria acabado.
A greve revelou-se mal conduzida
e sem capacidade de mobilização da categoria, ganhando a antipatia da
população. Na UFPA, só conseguiu atrair a atenção da imprensa local quando foram
colocados cadeados nos portões da universidade, impedindo o acesso dos docentes
que não aderiram ao movimento. Também discentes, servidores e a população foram
impedidos de entrar no espaço universitário.
Apesar da “radicalidade” que se
quis imputar ao movimento a categoria pouco participou e mesmo algumas
lideranças da greve mantiveram suas atividades acadêmicas diversas,
principalmente as remuneradas.
Quem saiu mais prejudicado foram
os alunos dos cursos de graduação, que ficaram sem suas aulas, pois somente
essas deixaram efetivamente de acontecer. As aulas da pós-graduação, as
atividades de pesquisa e de extensão foram mantidas, em sua maioria, bem como,
é claro, as atividades com remuneração extra.
120 dias de greve não é vitória,
seria se fosse um período de crescente mobilização dos docentes, no qual teria
sido elevado o nível de organização e de consciência da categoria. Mas essa
greve de fim melancólico, além de não revelar ganhos resultantes de sua
“radicalidade”, causou prejuízos para a universidade pública brasileira que são
difíceis de mensurar ainda, o mais evidente é a desconfiança com a educação
pública que gera. A greve, portanto, apesar de ter sido orientada por um
discurso anti-neoliberal acaba reificando a ideologia da ineficiência do
Estado.
De tudo que passou ficaram várias
lições, entre elas destacamos o fato evidente de que a categoria docente não se
identifica com nenhum dos dois sindicatos existentes. Se o PROIFES parece ser
governista, o ANDES mostra-se aventureiro, irresponsável e vanguardista,
ignorando a capacidade política de sua base.
Cabe à lideranças da categoria e
aos docentes das universidades federais fazer uma avaliação séria do movimento,
recuperar a confiança da população e encontrar estratégias de enfrentamento ao
governo que, mesmo que não assegurem vitórias econômicas significativas, ajudem
a fortalecer a autoorganização do trabalhadores.
Perfeita a avaliação...belo texto, limpo, objetivo e educativo....só não entede agora o que foi esta greve quem não quiser!
ResponderExcluirProf. Nicolau Rickmann =Belém.Pa
É Nicolau, uma avaliação séria sobre as estratégias de luta dos docentes das IFES deveria ser feita, mas não se pode esperar isso do pessoal da ANDES já que eles se recusam a pensar.
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