O Governo do Estado do Pará, por meio da SEDUC, lançou um “Pacto
pela Educação do Pará” a partir do qual assume a má qualidade da educação básica
paraense e define como principal meta a melhoria dos indicadores do IDEB –
Índice de Desenvolvimento da Educação Básica de suas escolas.
Consta no site da SEDUC que “o Pacto é fruto de um trabalho
colaborativo, que envolveu profissionais da educação, institutos e fundações
empresariais, artistas, organismos internacionais e consultorias”. Para este
pacto, entretanto, a SEDUC não chamou os sindicatos dos docentes, as entidades
estudantis, as instituições de formação de professores e nem as organizações da
sociedade civil. Os “parceiros da SEDUC” informados no site são Instituto
Unibanco, Fundação Vale, Fundação Itaú, Fundação Telefônica, Synergos, Natura e
BID. Como diz o ditado bíblico, “diga-me com quem andas que te direi quem és”. Trata-se,
portanto, de um pacto pelo alto.
A SEDUC, com as ações que anuncia, não inova, pois reproduz o
que já foi feito em alguns estados brasileiros que, sob a orientação de
instituições empresariais, assumiram como propostas principais para a educação básica
a capacitação dos professores de português e de matemática (matérias avaliadas
para o IDEB), a implementação de estratégias de gerência privada nas escolas
públicas, o incremento das ações de avaliação e de controle e a introdução de premiação
aos gestores, docentes e alunos “mais produtivos”. Muitas pesquisas,
entretanto, revelam que tais estratégias não foram capazes de promover a
qualificação da educação básica (vide o Estado de São Paulo) e que seu principal
resultado foi a introdução nas escolas públicas de uma lógica produtivista,
meritocrática e individualista que, se assimilada pelos sujeitos da educação, reforça
uma ideologia adequada apenas aos interesses das empresas privadas parceiras da
SEDUC.
Ações concretas e urgentes são necessárias para qualificar a
educação básica paraense, mas a história brasileira já deu muitas provas de que
ações pelo alto têm pouca aceitação dos principais sujeitos do ensino, os
professores, e, portanto, menos chances de ser efetivas. Também a tentativa de
introduzir na gestão da escola publica as estratégias das empresas privadas é
complicada pois, entre outros efeitos, estimula a concorrência ao invés da
colaboração entre as unidades de ensino, bem como a disputa interindividual ao
invés da solidariedade docente. A SEDUC repete os erros do passado e corre um
sério risco de jogar (muito) dinheiro público pelo ralo.
Tens razão prof. Ronaldo,esses pactos parecem mais acordões ou coisas para a mídia de plantão, porque, enquanto isso, os educadores e educandos são desprestigiados por esse mesmo grupo.
ResponderExcluir