A juventude paraense sofre não
apenas com a falta de escola ou com a necessidade de trabalhar precocemente, a
nossa juventude também é a maior vítima da violência urbana.
89% dos óbitos da juventude paraense,
entre 15 e 19 anos, foram por causas violentas (homicídio principalmente). Dados
coletados junto ao Hospital Pronto Socorro Municipal de Belém Mário Pinotti –
Pronto-Socorro da 14, Hospital Pronto Socorro do Guamá, Urgência e Emergência
de Marituba e o Centro de Perícias Científicas Renato Chaves apontam que no
período compreendido entre 2000 e 2006 a violência urbana afetou
majoritariamente jovens entre 17 a 27 anos.
No caso específico das três
primeiras unidades de saúde, os atendimentos realizados, em decorrência de
agressão física, arma de fogo, arma branca, acidente de trânsito e tentativa de
homicídio, revelam que a violência urbana no Pará e particularmente em Belém,
tem sexo, idade e cor, ou seja, 60% são homens jovens pardos ou negros.
O quadro se agrava quando se
examinam as mortes por causa violenta. A consulta realizada em 919 prontuários
de cadáveres masculinos, de 2006, no “Renato Chaves” justifica a preocupação,
conforme pode se ver no quadro abaixo.
Morte Masculina em Decorrência de Baleamento,
Esfaqueamento e Agressão Física por Faixa Etária no Estado do Pará – 2006
Faixa Etária
|
Sexo Masculino
|
%
|
0 a 12 anos
|
4
|
0,4
|
12 a 16 anos
|
30
|
3,3
|
17 a 25 anos
|
400
|
43,5
|
26 a 29 anos
|
199
|
21,7
|
30 a 45 anos
|
276
|
30,0
|
Mais de 45 anos
|
10
|
1,1
|
Total
|
919
|
100
|
Fonte: Centro de Perícias
Cientifica “Renato Chaves”
São 65,2% das vítimas por
causa violenta na faixa etária entre 17 e 29 anos.
Os dados também indicam que a
situação é similar na Região Metropolitana de Belém onde, num universo de 1.852
registros de óbitos em 2006, 41,3% tiveram como causa ferimentos por arma de
fogo.
A maioria dos óbitos
notificados no “Renato Chaves”, concernentes à RMB, no referido período, foram
causados por armas de fogo (41,3%), seguido de atropelamento, armas brancas ,
acidente de trânsito, queda, afogamento, colisão, envenenamento e causa
desconhecida, que juntos totalizam menos de 15%.
É possível inferir, por meio
de projeções, que mensalmente morre em Belém, um número médio de 100 jovens,
valor extremamente preocupante para uma etapa de idade que teoricamente
expressa uma vida mais saudável e produtiva.
É esta condição (não
situação) de violência que invade nossas escolas. A Pesquisa: Diagnóstico da
Qualidade das Relações Sociais na Comunidade Escolar em Escolas da Rede Estadual
de Ensino na RMB, realizada pela UNAMA e pelo Pró – Paz Educação, em 2006,
constatou que 46,3% dos alunos entrevistados identificaram que a existência de
gangues em suas escolas e 24,0% já registraram porte de arma branca entre os
alunos.
Nada parece indicar que esta
realidade esteja mudando para melhor. A concentração de rendas e as
desigualdades sociais dela decorrente mantém-se inalterada, apesar das
políticas de renda mínima implementadas em nosso país.
Os bolsões de miséria ainda
são muito grandes em nosso estado e neles não é possível identificar nenhum
programa sério voltado para a juventude. Faltam políticas públicas sérias de
esporte, lazer, cultura e de inserção no mundo do trabalho. Também as nossas
escolas não conseguem ser atraentes para os nossos jovens, dificultando a
superação da “cultura da violência” que é imposta à juventude.
A banalização da violência
entre os jovens faz dos próprios jovens as maiores vítimas. Neste ano eleitoral
este deveria ser um ponto a ser seriamente debatido, mas nem isso é perceptível
entre os candidatos, o que parece revelar que também para “o mundo da política”
a violência está naturalizada.
No
Diagnóstico dos direitos humanos no estado do Pará (In: http://www.ufpa.br/ce/gepte/imagens/pesquisas_concluida/relatorio%20final%20-%20mapa%20dos%20direitos%20humanos.pdf) são
sistematizados dados sobre os direitos humanos no Pará, considerando as
seguintes especificidades: a) Igualdade racial e étnica, b) Condição sexual,
c) Condição etária, d) Portadores de deficiência física e transtorno mental,
e) Cidadania, f) usuário de entorpecentes e g) Trabalho escravo.
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