O Espaço de diálogo sobre o Ensino Médio Público

domingo, 2 de setembro de 2012

A VIOLÊNCIA EM BELÉM MATA CERCA DE 100 JOVENS POR MÊS




                   A juventude paraense sofre não apenas com a falta de escola ou com a necessidade de trabalhar precocemente, a nossa juventude também é a maior vítima da violência urbana.
89% dos óbitos da juventude paraense, entre 15 e 19 anos, foram por causas violentas (homicídio principalmente). Dados coletados junto ao Hospital Pronto Socorro Municipal de Belém Mário Pinotti – Pronto-Socorro da 14, Hospital Pronto Socorro do Guamá, Urgência e Emergência de Marituba e o Centro de Perícias Científicas Renato Chaves apontam que no período compreendido entre 2000 e 2006 a violência urbana afetou majoritariamente jovens entre 17 a 27 anos.
              No caso específico das três primeiras unidades de saúde, os atendimentos realizados, em decorrência de agressão física, arma de fogo, arma branca, acidente de trânsito e tentativa de homicídio, revelam que a violência urbana no Pará e particularmente em Belém, tem sexo, idade e cor, ou seja, 60% são homens jovens pardos ou negros.
       O quadro se agrava quando se examinam as mortes por causa violenta. A consulta realizada em 919 prontuários de cadáveres masculinos, de 2006, no “Renato Chaves” justifica a preocupação, conforme pode se ver no quadro abaixo.


Morte Masculina em Decorrência de Baleamento, Esfaqueamento e Agressão Física por Faixa Etária no Estado do Pará – 2006
Faixa Etária
Sexo Masculino
%
0 a 12 anos
4
0,4
12 a 16 anos
30
3,3
17 a 25 anos
400
43,5
26 a 29 anos
199
21,7
30 a 45 anos
276
30,0
Mais de 45 anos
10
1,1
Total
919
100
Fonte: Centro de Perícias Cientifica “Renato Chaves”
                    
              São 65,2% das vítimas por causa violenta na faixa etária entre 17 e 29 anos.
             Os dados também indicam que a situação é similar na Região Metropolitana de Belém onde, num universo de 1.852 registros de óbitos em 2006, 41,3% tiveram como causa ferimentos por arma de fogo.
            A maioria dos óbitos notificados no “Renato Chaves”, concernentes à RMB, no referido período, foram causados por armas de fogo (41,3%), seguido de atropelamento, armas brancas , acidente de trânsito, queda, afogamento, colisão, envenenamento e causa desconhecida, que juntos totalizam menos de 15%.
            É possível inferir, por meio de projeções, que mensalmente morre em Belém, um número médio de 100 jovens, valor extremamente preocupante para uma etapa de idade que teoricamente expressa uma vida mais saudável e produtiva.
           É esta condição (não situação) de violência que invade nossas escolas. A Pesquisa: Diagnóstico da Qualidade das Relações Sociais na Comunidade Escolar em Escolas da Rede Estadual de Ensino na RMB, realizada pela UNAMA e pelo Pró – Paz Educação, em 2006, constatou que 46,3% dos alunos entrevistados identificaram que a existência de gangues em suas escolas e 24,0% já registraram porte de arma branca entre os alunos.
          Nada parece indicar que esta realidade esteja mudando para melhor. A concentração de rendas e as desigualdades sociais dela decorrente mantém-se inalterada, apesar das políticas de renda mínima implementadas em nosso país.
          Os bolsões de miséria ainda são muito grandes em nosso estado e neles não é possível identificar nenhum programa sério voltado para a juventude. Faltam políticas públicas sérias de esporte, lazer, cultura e de inserção no mundo do trabalho. Também as nossas escolas não conseguem ser atraentes para os nossos jovens, dificultando a superação da “cultura da violência” que é imposta à juventude.
          A banalização da violência entre os jovens faz dos próprios jovens as maiores vítimas. Neste ano eleitoral este deveria ser um ponto a ser seriamente debatido, mas nem isso é perceptível entre os candidatos, o que parece revelar que também para “o mundo da política” a violência está naturalizada.





No Diagnóstico dos direitos humanos no estado do Pará (In: http://www.ufpa.br/ce/gepte/imagens/pesquisas_concluida/relatorio%20final%20-%20mapa%20dos%20direitos%20humanos.pdf) são sistematizados dados sobre os direitos humanos no Pará, considerando as seguintes especificidades: a) Igualdade racial e étnica, b) Condição sexual, c) Condição etária, d) Portadores de deficiência física e transtorno mental, e) Cidadania, f) usuário de entorpecentes e g) Trabalho escravo.


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