O Espaço de diálogo sobre o Ensino Médio Público

domingo, 25 de junho de 2023

Anais “O gaurnicê da educação e da democracia no Brasil”

 O Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Trabalho e Educação (GEPTE) da Universidade Federal do Pará torna público o lançamento dos Anais do XII SEMINÁRIO NACIONAL SOBRE TRABALHO E EDUCAÇÃO – 20 ANOS DO GEPTE: O GUARNICÊ DA EDUCAÇÃO E DA DEMOCRACIA NO BRASIL, realizado em novembro de 2022, reunindo pesquisadores e pesquisadoras do Brasil e do Exterior, bem como Instituições, Movimentos Sociais e Educação Básica.

Para acesso completo aos Anais, clique no link abaixo:

http://www.gepte.com.br/939-2




quarta-feira, 15 de março de 2023

Juventudes e formação em nossas amazônias: para muito além de um pretenso “Novo Ensino Médio” - Doriedson S. Rodrigues



 

Aprendemos, com Antônio Gramsci[1] (1991), intelectual italiano do início do século XX, que os processos formativos para as juventudes devem ser por inteiro, dando aos jovens condições para que possam ter acesso a uma amplitude de conhecimentos resultantes dos processos históricos de trabalho da humanidade, e também vivenciar os diferentes mundos das ciências e dos direitos. 
Nessa perspectiva, é preciso se opor a quaisquer processos que fragmentem a formação dessas juventudes, como os que silenciam a integração dos saberes, resultantes do trabalho por elas experienciados em diferentes dimensões, com os conhecimentos escolares, impedindo, por conseguinte, o exercício de suas identidades, de suas lutas, de seus direitos e de seus processos de emancipação.
Não menos importante está também a oposição a processos que negam as condições para as mediações do trabalho docente em prol dessa formação por inteiro, tais como os que impedem a construção de mais escolas em diferentes territórios por onde se efetivam as materialidades de vida das juventudes, ou os que negam, enfim, investimentos públicos, opostos às relações público-privado, que permitam às juventudes os tempos-espaços para viverem essa formação integral.
Para essa formação, é preciso que o Estado garanta as condições para que as juventudes trabalhadoras de nossos diferentes territórios nas e das amazônias tenham uma ampla base formativa pública, gratuita e com qualidade social emancipadora, em oposição a processos de minimização dessa formação, voltados, por exemplo, à mera instrumentalização e à formação de um tipo humano flexível às necessidades do mercado. É preciso, portanto, construir uma base formativa ampla, com diferentes campos de conhecimento e garantia de tempos-espaços de aprendizagem, para que possam ser vividos pelas juventudes.
Trata-se, nesse sentido, de uma perspectiva formativa que se opõe ao discurso de empreendedorismo, de homens de negócios de si próprios, que escamoteiam as reais intencionalidades de um modo de produzir a vida que, acima de tudo, busca um pretenso consenso econômico-cultural, que, no fim, mantém as bases de opressão e as desigualdades sociais.
A formação por inteiro pressupõe espaços formativos que permitam a (re)descoberta dos conhecimentos, com suas bases históricas, que permitam a compreensão das relações produtivas, culturais, sociais, desportivas, econômicas, dentre outras dimensões, na determinação de diferentes realidades, mas com a capacidade crítica de intervenção política a partir delas.
Não se trata, entretanto, de criar espaços formativos calcados em sistemas educacionais que tendem a dispensar o trabalho docente real e que acabam, por exemplo, minimizando a formação das juventudes do Ensino Médio paraense, o que promoveria formações padronizadas, que negam a construção efetiva de escolas para povos e comunidades tradicionais das amazônias, assim como a contratação, por concurso público, também efetiva de mais docentes (para amplos campos de conhecimentos necessários à formação das juventudes) e a formulação de uma base formativa ampla, oposta ao pretensioso e falacioso “Novo Ensino Médio”.
A formação por inteiro em nossas amazônias não pode aceitar ações de formação profissional para as juventudes, como as que minimizam a base científica e promovem formações aligeiradas e indutoras de uma pretensiosa empregabilidade, que, no fundo, sustenta mais ainda as desigualdades sociais, ao colocar nos sujeitos problemas para os quais as soluções são muito mais profundas, não individuais, mas de ação coletiva, oposta aos interesses do mercado.
Para a formação por inteiro, de que nos fala Gramsci (1991), há, entretanto, necessidade de lutas contra a pretensiosa reforma do Ensino Médio e a presença da relação público-privado, que vem avançando “[…] na disputa de hegemonia na educação pública […]”, como salienta Moraes[2] (2023), impondo-se na formulação de políticas públicas educacionais.
As lutas, pois, constituem-se um imperativo, porque tanto a pretensiosa reforma do Ensino Médio como as relações público-privadas promovem a minimização da formação das juventudes, mercantilizando e interditando suas vidas[3], intensificando as desigualdades sociais.
É preciso ser interrompido “[…] imediatamente o avanço dessa sangria na escola pública da juventude brasileira”, como salienta Da Silva[4] (2023), ao discutir sobre o que fazer com esse “Novo Ensino Médio”, salientando que “Uma possibilidade seria revogar os dispositivos da Lei 13.415/17 inseridos na LDB e dela subtrair o fundamento legal que induziu à produção de tantos desacertos e problemas […]”.

 

Prof. Doriedson S. Rodrigues
Doutor em Educação
Universidade Federal do Pará
Coordenador do GT 09 – Trabalho e Educação – da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação
Bolsista Produtividade CNPq

 

“Uma primeira versão deste trabalho, com o título “Juventudes e formação em nossas amazônias: para muito além da minimização formativa”, foi publicada no Jornal da Ciência da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC. Disponível em: http://jcnoticias.jornaldaciencia.org.br/category/edicoes/7126-1-de-marco-de-2023/.”

 

[1] GRAMSCI, A. Os intelectuais e a organização da cultura. Tradução de Carlos Nelson Coutinho. 8ª edição. Rio de Janeiro-RJ: Civilização Brasileira, 1991.
[2] MORAES, Carmen Sylvia Vidigal. Reforma do ensino médio. Disponível em: <Reforma do ensino médio – A TERRA É REDONDA (aterraeredonda.com.br)>. Acesso: 07/03/2023.
[3] Tomamos o interditar vidas a partir de Frigotto (2004), ao tratar sobre “Juventude, trabalho e educação no Brasil […]”. In:  FRIGOTTO, Gaudêncio. Juventude, trabalho e educação no Brasil: perplexidades, desafios e perspectivas. In: NOVAES, Regina; Vannuchi, Paulo (Orgs.) Juventude e Sociedade. Trabalho, Educação, Cultura e Participação. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2004.
[4] DA SILVA, Mônica Ribeiro. Reforma ou Revogação: que fazer com o “Novo Ensino Médio”?. Disponível: < Reforma ou Revogação: Que fazer com o “Novo Ensino Médio”? | por Monica Ribeiro da Silva (UFPR) | ANPEd>. Acesso: 07/03/2023.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

 DICA DE LEITURA


E nossa dica de hoje é um livro organizado e com produções dos pesquisadores do grupo, que será lançado em breve.

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Trabalho, saber e práxis de resistência dos Trabalhadores

"Em breve, lançamento do livro "Trabalho, saber e práxis de resistência dos Trabalhadores", organizado pelos professores Egidio Martins, Adenil Alves Rodrigues, Doriedson Rodrigues, Valdileia Carvalho da Silva.

O livro reúne resultados de pesquisas no Baixo Tocantins, Amazônia, Pará, Brasil, focando a relação trabalho, saberes e práxis de resistência de pescadores artesanais, decorrentes das ações do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Trabalho e Educação - GEPTE, Universidade Federal do Pará.

Além dos quatro organizadores, integram a publicação os pesquisadores Ronaldo Marcos de Lima Araújo e Gilmar Pereira da Silva, também do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Trabalho e Educação - GEPTE, realizando análises com base no materialismo histórico-dialetico, a partir da unidade trabalho-educação" (DORIEDSON RODRIGUES, 2022).

O livro será lançado em fevereiro de 2022, a partir do Campus Universitário do Tocantins/Cametá-UFPA.

O livro já se encontra à venda pelo site da Appris Editora: 

www.editoraappris.com.br





 DICA DE LEITURA


E o livro indicado hoje é mais uma obra da área de Trabalho e Educação, trata-se do livro A experiência do trabalho e a educação básica, publicado em 2002 sob organização dos professores Dr. Gaudêncio Frigotto e Dra. Maria Ciavatta, duas das mais maiores referências nas produções e pesquisas sobre Trabalho e Educação no Brasil.

"O livro A experiência do trabalho e a educação básica é um convite aos educadores/trabalhadores, especialmente da escola básica, para um duplo movimento: crítica da dimensão reducionista de trabalho como emprego e seu vínculo linear com os processos educativos escolares e a compreensão do trabalho na sua relação necessária com a produção da vida".




quarta-feira, 19 de setembro de 2018

O IDEB DAS ESCOLAS ESTADUAIS PARAENSE NOS DIFERENTES GOVERNOS


            


O IDEB é o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, indicador de qualidade da educação desenvolvido e calculado pelo Ministério da Educação.
O IDEB é calculado e divulgado a cada 2 anos.
O IDEB dos anos 2009 e 2011 podem ser identificados como resultados do Governo Ana Julia, então Governadora pelo Partido dos Trabalhadores, já que seu governo foi no período de 2007 a 2010. O IDEB dos anos anteriores e posteriores podem ser considerados como resultados dos governos tucanos.


Segue abaixo alguns números do IDEB do estado do Pará e, em particular, das escolas da rede estadual de ensino.
ANOS INICIAIS
Ideb Rede estadual de ensino – Anos iniciais do ensino fundamental – 2005-2017




Considerações:
O IDEB se mantém acima das metas a partir do Governo Ana Julia.
Nos governos tucanos seguintes o estado ou não atinge a meta ou se mantém muito próximo à média.
No Governo Ana Júlia, considerando a série histórica, as escolas estaduais ocuparam melhores colocações entre todos os estados brasileiros que nos governos tucanos.

Ideb Pará Total – Anos iniciais do ensino fundamental – 2005-2017

Considerações:
Situação semelhante se verifica em relação educação de todas as escolas do Estado, pois, apesar de o Ideb alcançado ser sempre superior à média, é no Governo Ana Julia que o IDEB mais supera as metas projetadas para o estado.

ANOS FINAIS
Ideb Rede estadual de ensino – Anos finais do ensino fundamental – 2005-2017


Considerações:
O IDEB se mantém abaixo das metas em todos os governos.
No Governo Ana Julia o Ideb se eleva e se aproxima das metas mas nos governos tucanos seguintes o IDEB volta a se distanciar das metas projetadas.
No Governo Ana Júlia, considerando a série histórica, as escolas estaduais, também nessa etapa, ocuparam melhores colocações entre todos os estados brasileiros que nos governos tucanos.

Ideb Pará – Anos Finais do ensino fundamental Total– 2005-2017

Considerações:
O mesmo movimento se revela na totalidade das escolas do estado, onde se observa que o IDEB se mantém abaixo das metas em todos os governos, mas que no Governo da Ana Julia houve uma aproximação das metas enquanto nos governos tucanos houve um distanciamento em relação às metas.

ENSINO MÉDIO
Ideb Rede estadual de ensino – Ensino Médio – 2005-2017

Considerações:
O IDEB se mantém abaixo das metas em todos os governos, com exceção de 2009, Governo Ana Júlia.
Nos governos tucanos o IDEB cai, ficando abaixo das metas e se distanciando cada vez mais.
Foi no Governo Ana Júlia, considerando a série histórica, as escolas estaduais ocuparam a melhor colocação entre todos os estados brasileiros. Já nos governos tucanos se registra a pior colocação já obtida pelas escolas estaduais do Pará.

Ideb Pará – Ensino Médio Total – 2005-2017

Considerações:
O mesmo movimento é observado na totalidade das escolas do estado, que mantém o IDEB abaixo das metas em todos os governos, com exceção de 2009, Governo Ana Júlia.
Nos governos tucanos o IDEB cai, ficando abaixo das metas e se distanciando cada vez mais.


Síntese:
O que significa esses resultados?
Que foi no Governo Ana Júlia que o IDEB da educação básica mais se aproximou ou superou as metas estabelecidas pelo Ministério da Educação, em outras palavras, o Governo Ana Julia fez bem à educação básica paraense enquanto, de outro lado, os governos tucanos fizeram mal a educação básica.
Possíveis fatores que contribuíram para os resultados melhores da educação paraense no período 2008 a 2011:
  • Realização das Conferências Estaduais de Educação (em 2008 e 2010), que deram os balizamentos para a política educacional paraense e a consequente aprovação do Plano Estadual de Educação em 2010;
  • Aprovação do Plano de Cargos, Carreira e Remuneração do magistério paraense em 2010;
  • Realização de uma política de formação continuada dos professores do ensino fundamental e médio;
  • Valorização da diversidade cultural paraense, criando políticas educacionais para os diferentes segmentos da população a serem atendidos (indígenas, quilombolas, privados de liberdade, populações do campo, entre outros)
  •  Acompanhamento pedagógico da implantação do ensino fundamental de 9 anos, de implantação do ensino médio integrado, da reincorporação das escolas de educação profissional para o interior da política pública educacional, entre outros;
  • Apoio à criação e recomposição dos Conselhos Escolares;
  • Apoio à realização das eleições diretas para o cargo de diretores escolares;
  •  Apoio à formação em nível de pós-graduação stricto sensu dos professores, com liberação integral e apoio por meio de bolsas de apoio acadêmico.


Elaboração:
Profº Dr. Ronaldo Marcos de Lima Araujo (NEB-UFPA)
Profº Dr. Fabrício Aarão Freire Carvalho (NEB-UFPA)
Prof.ª Dr.ª Ney Cristina Monteiro de Oliveira (NEB-UFPA)












sábado, 10 de setembro de 2016

A PROPOSTA DE MATRIZ CURRICULAR DA SEDUC PARA O ENSINO MÉDIO: projeto de racionalização financeira e de formação de personalidades produtivas /

Sintetizamos alguns argumentos que recomendam a não aprovação da proposta de Matrizes Curriculares para o ano de 2016, encaminhada pela SEDUC – Secretaria de Estado de Educação do Pará – ao Conselho Estadual de Educação